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“As discussões sobre o Plano Diretor estão contaminadas”


O deputado Marcelo Lelis (PV) é, até o momento, o nome mais forte para disputar as eleições à Prefeitura de Palmas em outubro deste ano. Em quase todas as pesquisas pré-eleitorais, o parlamentar aparece com mais de 35% das intenções de voto. Contudo, fora as eleições, Lelis ainda apresentou recentemente um requerimento que gerou grande polêmica e movimentou o cenário político de Palmas e sua vizinha, Porto Nacional. A proposta do deputado diz respeito a um possível desmembramento do distrito de Luzimangues, a cerca de 10 quilômetros de Palmas, do município de Porto Nacional. O requerimento do deputado causou reação firme por parte dos políticos da cidade histórica do Tocantins, que repudiaram sua medida. Contudo, após reunião fechada com a prefeita de Porto, Tereza Martins, e lideranças locais, o deputado modificou sua proposta e, por enquanto, selou a paz entre as cidades. É sobre estes temas e também sobre o Plano Diretor da capital que Marcelo Lelis debate nesta entrevista exclusiva.

 

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Deputado, como estão suas movimentações em busca do Paço Municipal nas eleições de outubro deste ano?

Estamos empenhados nas discussões da proposta para a cidade. Como nosso grupo político está tranquilo, está unido, estamos focados no “Palmas é Você quem Faz”, que é o nosso programa, dos nossos partidos, dos nossos aliados, que está democraticamente, de forma participativa, construindo as propostas para a nossa cidade. São quatro eixos: as reuniões nas regiões de Palmas, onde nós escutamos a população. Nós fizemos duas, sendo  uma delas maravilhosa em Taquaralto. Foram muito além das nossas expectativas. As reuniões com os segmentos da sociedade e as reuniões temáticas que nós estamos fazendo. A primeira teve como tema a Ferrovia Norte-Sul, mais especificamente a plataforma (multimodal) aqui próximo a Palmas. Além disso, ainda estamos realizando as viagens aos polos de referência para trazermos boas práticas para a cidade. Então, estamos muito focados nisso.


O senhor, neste início de processo eleitoral, tem despontado nas pesquisas prévias como o líder nas intenções de voto. Como trabalhar com esta liderança e mantê-la até a data da eleição?

Na verdade, eu venho disputando as eleições de forma muito continuada e meu ritmo de trabalho é um ritmo forte. Entendo que a única vacina, meu único método é o trabalho. E tenho me dedicado exaustivamente ao trabalho.

 

E seu trabalho tem sido construído, inclusive, de forma interna na busca pelo apoio e a indicação como candidato da base do governador Siqueira Campos…

Esse é um trabalho que iniciou há vinte anos, num momento em que o primeiro prefeito da Capital, Eduardo Siqueira Campos, convidou meu pai e ele não aceitou vir e eu acabei vindo. Trabalhei 12 anos na prefeitura, durante as três gestões do Eduardo, do doutor Odir (Rocha) e da Nilmar (Ruiz). Depois da primeira eleição em 2004, com Palmas confiando em mim (primeiro mandato como vereador), em 2006 me fazendo deputado já com a maior votação; 2008 com quase 34 mil pessoas confiando em mim para a prefeitura; em 2010, mais uma vez me elegendo deputado, para que a gente pudesse dar continuidade no nosso trabalho na base, trabalho sério para reforçar o nosso nome. Então, é essa a história.

 

Um deputado que possui um alto porcentual de intenção de votos possui uma gama de adversários políticos para a disputa eleitoral. Quem o sr. considera, hoje, seus principais concorrentes para as eleições de 2012?

Eu, sinceramente, não tenho adversários em quem eu esteja focado. Eu não estou centrado nos adversários. Eu estou focado no nosso trabalho, mesmo porque o quadro político que está aí, na disputa pela Prefeitura de Palmas, ainda é instável. Muitos dos que estão aí se colocando no outro grupo ainda é possível que estejam conosco aí, num futuro muito próximo. Eu, sinceramente, não tenho focado nisso. Tenho deixado muitas coisas acontecerem, privilegiando o nosso trabalho.

 

O sr. se considera o nome a ser batido neste ano?

Eu não penso muito nisso. Eu penso que o que importa nas eleições de 2012 é que a população escolha o melhor para a Prefeitura de Palmas. Que a população de Palmas possa avaliar todas as propostas, mesmo porque nós sabemos o quanto é importante uma boa administração. Nós vivemos em uma das cidades mais extraordinárias no País para se viver. Temos um potencial extraordinário. Veja só: temos bons picos de desenvolvimento. Mas imaginem se a cidade estivesse bem gerida para valer, com uma gestão moderna, inovadora, criativa, eficiente, uma gestão desburocratizada, o quanto nós estaríamos muito mais à frente. As atenções do eleitor devem estar voltadas para isso. Para o melhor perfil, para as melhores propostas para o município de Palmas.


Deputado, hoje, em Palmas, nós temos ainda alguns fatores que têm gerado um certo desgaste à administração municipal. São dois pontos básicos que precisam ser revistos na Capital, a saúde e o transporte público. Quais suas propostas de governo para melhorar esses fatores?

Já estudamos e discutimos e estas questões passam por modernização, por gestão. Passam por sistemas integrados que diminuam o tempo para os usuários do serviço. Veja um exemplo: hoje, nas consultas com o Sistema Único de Saúde (SUS), entre o momento que a pessoa procura a Pró-Saúde e o momento da consulta, são meses. Meses por que a guia da consulta viaja para a Secretaria da Saúde para receber a autorização. Ou seja, sistemas eficientes de tecnologia são importantes para a Saúde e outras coisas. Nós não podemos mais fazer tudo dificultado. Muitas vezes, uma pessoa procura o Sistema Municipal de Saúde, faz uma Tomografia e o médico encaminha para o HGP (Hospital Geral Público de Palmas). Aí chega ao HGP e o médico manda fazer outro exame de Tomografia para iniciar o procedimento. Quer dizer, não está integrado. A Saúde municipal e a Saúde estadual não estão trabalhando de forma integrada. E isso é importante para que o sistema funcione. Se formos falar disso tudo, vamos falar de muita coisa. E vamos detalhar todas essas questões nas nossas propostas oficiais de governo.

 

Outro ponto que tem trazido à tona muitas discussões em Palmas é a proposta de expansão do Plano Diretor. Muitos dizem que será um benefício para a população e outros defendem que isso vai gerar uma grande especulação imobiliária em uma cidade que tem alto custo no setor. Qual a opinião do sr. sobre o Plano Diretor da Capital?

Nós temos um posicionamento que foi deliberado em reunião da nossa executiva municipal, que é o seguinte: o debate está contaminado. E não estou aqui recriminando esta contaminação. Só estou dizendo que todos os atores envolvidos, todas as pessoas que estão debatendo estão contaminadas pela eleição. O debate está contaminado pela proximidade do processo. O que o PV acha? Temos de discutir a expansão ou não? Temos de debater a regularização das áreas no entorno de Palmas? Temos. Mas achamos que isso deve ser feito depois do processo eleitoral. E depois, de forma menos emocional e mais técnica, o debates podem acontecer com resultados melhores para a população de Palmas.

 

Qual foi a intenção do sr. com o requerimento apresentado de rever a demarcação da área do distrito de Luzimangues, localizado a cerca de 10 quilômetros do centro de Palmas, e um possível desmembramento do município de Porto Nacional?

Entendo, e ninguém vai me fazer mudar de opinião, que é absolutamente importante discutir a ocupação de Luzimangues. Luzimanges, no meu entendimento, será um dos locais mais prósperos do Estado e isso é irreversível. Pela proximidade de Palmas, pela plataforma que está se erguendo lá (o pátio multimodal da Ferrovia Norte-Sul é localizado na região do distrito). Além disso, é fato também que Luzimangues está a 10 quilômetros do Palácio Araguaia e 60 quilômetros de Porto Nacional. Também é fato que todos os aspectos desta ocupação, que ainda é pequena, mas será grande em pouco tempo, afetarão diretamente Palmas em tudo, em todos os serviços públicos. Então, nós temos de discutir isso. É uma reação forte de Porto Nacional, nós respeitamos os líderes de Porto Nacional, todos eles. É uma cidade histórica, eu devo muito a Porto Nacional, mas não podemos negar que esta discussão tem de acontecer. Não podemos fingir que nada acontece do outro lado do lago porque está acontecendo.

Além disso, não podemos ser incoerentes. Se eu estou defendendo que a discussão referente ao Plano Diretor seja deixada para depois do processo eleitoral, nós não podemos ser incoerentes com relação a Luzimangues. Nós iniciamos a discussão, ela está na pauta da Assembleia e eles (políticos de Porto Nacional) estão “encucados” que a Assembleia é quem redefine os perímetros do quadrilátero definido pelo decreto de 1989. Nós vamos mudar os termos. Nós vamos pedir que a Procuradoria da Casa analise os documentos da época da Constituinte, que vamos protocolar lá, e que diga qual é o roteiro que esta discussão deve seguir. Nós entendemos que as populações têm de ser envolvidas. Que tem de ser assim o processo.

 

Mas deputado, muito o que tem sido dito contra sua proposta diz respeito à arrecadação que o distrito vai ter depois da instalação da Ferrovia, do pátio multimodal. Os contrários dizem que sua proposta é eleitoreira e que visa esta arrecadação. Qual é a opinião do sr.?

O requerimento que está em pauta e que vamos trocar para não causar raiva política responde a essa pergunta que me foi feita pela prefeita (Tereza Martins, de Porto Nacional). Quando levantarmos a área do quadrilátero, pode ser que a área da plataforma não esteja incluída. Não estou dizendo que não está. Estou dizendo que tem gente que acredita que não esteja. O que precisamos focar na discussão é que mais de 40 mil lotes já foram vendidos em Luzimangues. E esses lotes ainda não estão ocupados, e que esta ocupação vai impactar Palmas. O debate tem de ser técnico, tem de analisar estes impactos, e analisar a posição da população de Luzimangues. Os políticos de Porto Nacional, de Luzimangues estão arredios, mas eu não sei se esse é o sentimento da população, porque quem está com projeto político quer resolver, quem está com problemas de serviços públicos, vivendo na dificuldade, pensa de outro jeito. É preciso separar essas duas coisas.

 

Existe um prazo já definido para se realizar essa consulta pública para saber realmente a postura da população de Luzimangues?

Veja só, as informações do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) que eu busquei são de que qualquer tipo de consulta pública não pode ser feita a menos de 150 dias das eleições e este prazo já está vencido. Então, não acredito que aconteça por agora esta análise. Mas a questão de Luzimangues tem de estar na pauta das discussões políticas de Palmas e de Porto Nacional. Todos os pré-candidatos a prefeito de Palmas têm de discutir Luzimangues, assim como todos os pré-candidatos do município de Porto Nacional.

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