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O PSDB vai sair dessa?

Em plano nacional, a sigla toma ares de nanica com 13 deputados federais e apenas um senador. Governa 3 Estados (Rio Grande do Sul, Pernambuco e Mato Grosso do Sul), mas os filiados desses dois últimos parecem estar de malas prontas a qualquer momento

Fundado em 1988 de uma dissidência de centro-esquerda do PMDB em plena Assembleia Nacional Constituinte, o PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira), atualmente de centro-direita, sai da janela partidária de março/abril menor do que entrou o que aprofunda o processo de encolhimento que se arrasta há anos.

O partido criado por, entre outros, Mário Covas, Fernando Henrique Cardoso e Franco Montoro protagonizou a cena política brasileira de 1994 a 2014, elegendo numerosas bancadas no Congresso, polarizando as eleições presidências com o PT e governando o Brasil por 8 anos com FHC (1995-2002).

Importante destacar que a sigla é a única a governar ao mesmo tempo o chamado “triângulo das bermudas”, formado pelos 3 estados mais importantes da nação. Em 1994 elegeu Eduardo Azeredo em Minas Gerais, Marcello Alencar no Rio de Janeiro e Covas em São Paulo.

Nas terras paulistas, aliás, é onde se nota o maior sintoma da decadência tucana. Após governar o Estado por 28 anos, o PSDB perdeu a eleição de 2022 para Tarcisio de Freitas (Republicanos) e foi totalmente esvaziado em sua antiga fortaleza. De 238 prefeitos filiados ao partido em 2021, atualmente restam somente 26. Não há mais vereadores na Capital e nem em importantes cidades como em algumas do Grande ABC, por exemplo.

Em plano nacional, a sigla toma ares de nanica com 13 deputados federais e apenas um senador. Governa 3 Estados (Rio Grande do Sul, Pernambuco e Mato Grosso do Sul), mas os filiados desses dois últimos parecem estar de malas prontas a qualquer momento. Raquel Lyra (PE) para algum partido aliado de Lula (PT) e Eduardo Riedel (MS) para as hostes bolsonaristas.

O declínio do PSDB, aliás, começa em 2014 quando da derrota presidencial de Aécio Neves para Dilma Rousseff (PT) e todo papel exercido posteriormente pela agremiação e alguns de seus líderes. Soma-se a isso, o fato de Jair Bolsonaro (PL), o vencedor do pleito de 2018 ter ocupado todo o espaço da centro-direita e direita tradicional desde então relegando essas siglas a simples adesão ao seu projeto ou ao ostracismo.

Naquela eleição, os tucanos tiveram seu pior resultado eleitoral da história com o hoje vice-presidente Geraldo Alckmin amargando o 4º. Lugar (4,76%), em 2022 pela primeira vez sequer disputou a presidência, cedendo Mara Gabrilli (atualmente no PSD) como vice de Simone Tebet (MDB).

O retorno à relevância do PSDB e de outras siglas do campo da centro-direita democrático seria enriquecedor ao Brasil, ao debate de ideias e ao Estado Democrático de Direito, conflagrado pela ascensão e estabilização do fenômeno mundial de uma parcela ideológica agressiva e que mistura elementos de religiosidade, conservadorismo e autoritarismo. Só o tempo e os eleitores dirão se haverá espaço para os tucanos.

Caio Bruno é jornalista e especialista em Marketing Político

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